sábado, 11 de fevereiro de 2012

Eles vieram. Os dois. Pequenos, arrastando os chinelos, arrastados, naturais.
Não havia receio, renúncia ou angústia no que faziam. Era normal, comum, usual.
Os dois chegaram, calmos, cada um em um canto da loja e pediram ao vendedor um pouco de carne. Era um açougue.
O homem, sem tirar os olhos do trabalho, respondeu que "não tenho nada hoje, filho".
Eles saíram, sem desapontamento, sem esperanças. Comum.
De maneira também natural, um deles levou as duas mãos juntas, em forma de concha, até a boca e soprou, deixando escapar um som entre elas. O outro olhou, sorriu admirado.
"Como fez isso?" E tentou copiar. Não sabia. Eu também não. Tive infância, mas não sabia.

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