terça-feira, 17 de agosto de 2010

À flor do ar.

Eu nasci através do deslocamento de massas de ar dos meus pais. Minha mãe, uma doce, linda e suave Brisa e meu pai, um forte, destemido e raivoso Furacão, constratavam personalidades e faziam de mim todos os seus sonhos.

Eu, o Vento, nunca quis desapontá-los, mas era complicado responder a tantos sonhos. Meu pai queria que eu fosse tão forte quanto ele. Minha mãe queria que eu fosse tão doce quanto ela. Nasci dando desgosto ao Furacão. Era um vento fraco, não soprava mais do que 20 km/h. Porém, cresci e acabei me transformando e um vento forte, não tanto quanto o meu pai, mas os meus sopros chegavam a atingir 40 km/h. Encontrei a paz entre os meus pais, eles admiravam o contraste deles feitos em mim.

Quando jovem, encontrei também o amor da minha vida. Certo dia, ventando por entre as casas reparei em uma janela de vidro que estava fechada. Havia mesmo encontrado o amor da minha vida através de uma janela. Ela era uma moça linda! De longe, parecia tão delicada quanto a minha mãe, suas cores fortes e vibrantes e toda aquela luz que saia dela para iluminar a casa me deixaram estonteado, era a Chama de um fogo sobre uma vela.

Esperei com os sentimentos à flor do ar e, depois de um certo tempo, abriram a janela! A alegria tomou conta de mim e ventei loucamente para os braços de minha amada. Porém, algo terrível aconteceu: a força da rajada de meus ventos apagou a doce Chama e eu nunca mais a vi. Até hoje, vago pelas janelas urbanas à procura de um amor impossível.

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